De acordo com pesquisa do PoderData, enquanto 40% dos nordestinos acreditam que essa é a melhor alternativa para que as pessoas possam fazer escolhas nutricionais mais adequadas, apenas 13% acham que a solução se daria com o aumento do preço de alguns tipos de alimentos e bebidas.
É o índice mais elevado do país, à frente do apurado no Centro-Oeste (37%), Sul (36%), Sudeste (32%) e Norte (19%). Com relação à adoção do imposto seletivo sobre bebidas açucaradas dentro da reforma tributária, 63% afirmam discordar da medida. E 95% acreditam que já pagam mais impostos do que deveriam.
O presidente da ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas), Victor Bicca, reforça que a indústria de bebidas não alcoólicas tem contribuído por meio de acordos voluntários com o Ministério da Saúde: segundo o último relatório da Anvisa, divulgado em março deste ano, a média de açúcar nos refrigerantes teve uma redução de 37,55% em relação à meta pactuada.
Além disso, o consumo de refrigerantes no Brasil caiu cerca de 50% nos últimos 17 anos.
Em uma outra pesquisa do PoderData e realizada entre 21 e 24 de maio de 2024 com 2.500 pessoas de 187 cidades das 27 unidades da Federação. De acordo com o levantamento, 73% dos entrevistados acreditam que a reforma tributária não deve aumentar o imposto sobre essas bebidas – um acréscimo de 4 pontos percentuais em relação à pesquisa sobre o mesmo tema realizada em 2021, quando 69% eram contra a medida.
A pesquisa foi solicitada pela Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR) para entender a opinião pública sobre a temática.
Os também demonstraram que 66% dos brasileiros acreditam que o consumo de bebidas açucaradas não é o principal responsável pelo aumento de peso da população brasileira. Além disso, 61% acham que o aumento de imposto sobre essas bebidas não contribuirá para diminuir a obesidade no Brasil.
Para Victor Bicca, presidente da ABIR, o imposto seletivo sobre bebidas açucaradas é discriminatório.
“Somente 21% de todo açúcar que o brasileiro consome vêm de produtos industrializados. Nós defendemos que as bebidas açucaradas, como refrigerantes, refrescos e chás, sejam retirados da lista de itens taxados com o imposto seletivo”, reivindica o dirigente.
MENOS IMPOSTOS E MAIS INFORMAÇÃO
O estudo indicou que 77% das pessoas acreditam que o governo deve informar mais a população para que façam escolhas alimentares conscientes. Aumentar impostos não resolve o problema das doenças crônicas não transmissíveis, acreditam os entrevistados.
Quando perguntados qual seria a política pública mais adequada para reduzir a taxa de obesidade no País, a maior parte, 34%, optou pela resposta “fornecer informação de qualidade para as escolhas nutricionais adequadas”. Apenas 14% escolheram a opção “aumentar o preço de alguns tipos de alimentos e bebidas”.
BEBIDAS AÇUCARADAS
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, a frequência do consumo de bebidas açucaradas registrou uma queda de 51,8%, enquanto a taxa de obesidade teve um aumento significativo de mais de 105% nos últimos 17 anos.
“Portanto, os fatores que resultam na obesidade são diversos e dependem de muitas variáveis e situações específicas. E não será aumentando imposto que as pessoas vão diminuir o consumo. Evidências internacionais apontam para soluções mais integradas e multidimensionais no combate à obesidade, e não apenas reduzir o consumo de refrigerantes, muito menos por meio de sobretaxação. Estas mudanças contemplam informação e hábitos envolvendo a alimentação, a rotina de trabalho, a adoção de práticas esportivas para o gasto calórico, além de cuidados diversos com a saúde, incluindo a saúde mental”, pondera Bicca.
Ele cita o exemplo do México, que fracassou na tentativa de reduzir a obesidade através da sobretaxação de refrigerantes. Lá, o imposto sobre bebidas adoçadas foi elevado de 17% para 28% em 2014. Contudo, não houve redução do consumo, aumentou o desemprego e as taxas de obesidade continuaram a subir.
IMPOSTO NO BRASIL
Quando perguntados se é legítimo o governo aumentar impostos para encarecer produtos, e com isto diminuir o consumo de determinado tipo de produto, 65% dos entrevistados afirmaram que não – 3 pontos percentuais acima do apurado na edição anterior, de 2020. Se esse produto for o refrigerante, 62% permanecem discordando da taxação. Para 90% dos respondentes já se paga muito imposto no Brasil e 93% acreditam que pagam mais com imposto do que deveriam. Os refrigerantes, por exemplo, são taxados em 46,47%, o que representa uma das maiores cargas tributárias do mundo.
“Ao longo das últimas décadas, o Brasil vem experimentando um aumento expressivo em sua carga tributária. Não aceitamos a vilanização do refrigerante e esse imposto discriminatório. Continuamos abertos ao diálogo e esperamos a exclusão das bebidas açucaradas do imposto seletivo na Reforma Tributária”, defende o presidente da ABIR.
Fonte: Bahia Notícias