O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, comentou na manhã desta quinta-feira (30) sobre a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, realizada na última terça-feira (28), no Rio de Janeiro.
Durante o recebimento da Medalha Dois de Julho, Jungmann afirmou que não é o momento de politizar e questionou se as mais de 119 mortes vão trazer algum retorno positivo na segurança pública do estado.
“Politizar não é o momento. Agora, com relação à operação, a pergunta que eu faço é a seguinte: no dia seguinte ao que aconteceu, a vida do carioca está mais segura? Menos exposta ao sequestro, ao crime, ao assassinato, ao roubo e ao tráfico de drogas? Eu acredito que não, ou muito pouco, porque esse episódio não vai nas questões que são as fontes de financiamento do crime organizado, as questões das armas e a questão do recrutamento dentro das comunidades”, questionou.
Jungmann ressaltou ainda que, mesmo com as vítimas fatais, entre elas agentes policiais, o cenário de violência urbana não sofreu qualquer alteração. Ele reprovou as táticas repetidas do passado que falham em gerar resultados efetivos.
“Nada disso foi afetado. Aconteceram mortes, inclusive de policiais, mas isso não representa a situação do Rio de Janeiro, que tenha modificado estritamente o quadro que os cariocas vivem, e conheço muito bem. Por isso eu acho que isso é uma repetição daquilo que já houve no passado, mas sem que isso represente de fato uma política estadual de segurança pública, e sobretudo a redução da criminalidade”, afirmou.
Raul Jungmann ainda questionou se a segurança pública da Bahia e de outros estados está preparada para dar conta de uma operação como essa, e que é necessário que o texto da PEC 18/2025, de enfrentamento ao crime organizado, seja aprovado.
“Hoje o PCC está em 28 países pelo mundo. A minha pergunta é: a polícia da Bahia dá conta disso? De Pernambuco dá conta disso? Do Rio de Janeiro dá conta disso? De São Paulo dá conta disso? Não dá. Nós precisamos ter exemplo do que acontece mundo afora nos países desenvolvidos. É fundamental que a PEC 18 seja aprovada, e que a gente tenha efetivamente o governo federal participando”, disse.
Fonte: BNews