Doca ou Urso. Assim é conhecido Edgar Alves de Andrade, de 55 anos, principal alvo da megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro realizada nesta terça-feira (28), nos complexos do Alemão e da Penha, que terminou com mais de 100 mortos.
Nascido na Paraíba e criado na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio, o criminoso possui 32 mandados de prisão em aberto e 273 anotações criminais. O traficante é investigado por mais de 100 homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores.
O grau de periculiosidade de Doca levou o Disque Denúncia do Rio de Janeiro a igualar o valor da recompensa pela sua captura ao que já foi oferecido para prisão de ninguém menos que Fernandinho Beira-Mar, nos anos 90.
Inclusive, Doca é apontado como um dos principais chefes do Comando Vermelho, abaixo apenas do próprio Beira-Mar e de Marcinho VP, ambos custodeados no sistema prisional de segurança máxima. Sendo assim, o novo principal alvo das forças de segurança do RJ é demonstrado como o número 1 da facção criminosa nas ruas.
Um dossiê criado pelo escritor e historiador Joel Paviotti, especializado em Educação e Segurança Pública, mostra como Doca cresceu no mundo do crime. No vídeo divulgado no canal Iconografia da História, no YouTube, o professor detalha a ascensão do traficante.
Entre os fatos mais chamativos na história do fora da lei está uma troca de tiros com a polícia no complexo da Penha, que durou 12 horas, em 2007. Após resistir por muito tempo, Doca acabou se entregando e foi preso pela primeira vez, escapando da prisão alguns anos depois.
Além disso, o historiador destaca a relação dele com Elias Maluco, um dos principais criminosos da história do crime e que teria sido uma espécie de professor do atual líder. Doca também é apontado como maior responsável pela expansão do Comando Vermelho no Rio de Janeiro e em outros estados.
Ficha criminal
Doca também tem mandado de prisão pelo caso que envolveu os três meninos que desapareceram em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no ano de 2021. Ele teria mandado executar todos que mataram as crianças. Os corpos dos responsáveis nunca apareceram.
Também em 2021, o traficante tentou sequestrar um piloto de helicóptero da polícia para resgatar presos. Além disso, ele foi alvo da operação que resultou na morte de mais de 20 pessoas na Vila Cruzeiro, em maio de 2022.
Com uma extensa ficha criminal, Doca teria determinado a execução dos próprios comparsas, responsáveis pela morte do médico baiano Perseu Ribeiro Almeida, juntamente com outros dois colegas de profissão, em um quiosque na praia do Rio de Janeiro, no dia 5 de outubro de 2023. Uma das vítimas foi identificada como Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos, da cidade de Ipiaú, na Bahia.
Na ocasião, as investigações revelaram que os suspeitos faziam parte da ‘Quadrilha do Doca’ e teriam confundido as vítimas com milicianos. O equívoco não foi perdoado e eles foram condenados à morte. Os corpos foram deixados em um carro na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Doca foi preso?
Apesar de todo efetivo das forças de segurança do Rio de Janeiro, em torno de 2,5 mil agentes, o Doca conseguiu escapar durante a Operação Contenção. Em entrevista à Globonews, secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, lamentou a fuga do criminoso.
“O Doca, nós não conseguimos pegar nesse primeiro momento porque é uma estratégia que eles fazem. Ele bota os soldados como mais uma barreira para poder facilitar a sua prisão, a gente tem toda essa dificuldade”, afirmou.
Fonte: BNews