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Em Salvador, Érika Hilton revela estratégia para ‘driblar’ Congresso e aprovar nova jornada de trabalho

A deputada federal Érika Hilton (PSOL) veio a Salvador para participar de um seminário para discutir mudanças na escala de trabalho 6×1, seis dias de trabalho para um de descanso. 

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O evento faz parte de uma série de audiências públicas realizadas pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados em todo o Brasil que contou com a participação de trabalhadores, empregadores, representantes do Poder Público e acadêmicos. 

“O Brasil está olhando ansioso para redução da jornada de trabalho no país, onde nós passamos as pessoas perguntam quando é que nós vamos aprovar. Mas é óbvio que essa é uma matéria que tem muitas complexidades, tem muitos pontos de vista, tem muitos interesses colocados sobre a mesa”, disse Érika Hilton, em entrevista coletiva. 

“O nosso intuito nos seminários é conseguir aglutinar o máximo de informação, de escuta, entender quais são os pontos de preocupação da sociedade, dos setores patronais, da própria classe trabalhadora, para entender como é que nós vamos adaptando e adequando o texto”, emendou. 

A parlamentar revelou ainda que também tem conversado com membros do governo federal como os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) para entender quais são as demandas de todos os setores da sociedade para se chegar a uma versão final da proposta. 

“O seminário é isso, apresentar em que pé nós estamos, apresentar qual é o fundamento da proposta, entender como é que nós caminhamos, ouvir a sociedade civil, entender a realidade dos estados também, que cada um tem a sua particularidade. Ouvir os setores que também têm a sua particularidade, para que no momento de levar esse texto a plenário,  levá-lo à Comissão de Constituição e Justiça, ter a nomeação do relator, nós possamos amarrar todas as pontas que forem surgindo no meio desse processo, e apresentar pro plenário da Câmara dos Deputados um texto conciso, um texto que os deputados tenham dificuldade de negá-lo, porque essa é a nossa preocupação, não permitir que haja ali uma resistência a essa proposta”, detalhou a deputada. 

Inicialmente, a proposta apresentada pela deputada previa que a escala de trabalho saísse da atual escala 6×1 para a jornada quatro por três (quatro dias de trabalho para três dias de descanso), além da redução da carga horária de trabalho, das atuais 44 horas para 36 horas semanais. 

No entanto, a deputada acredita que a proposta não será completamente aceita tanto pelo setor patronal quanto por parte do Congresso Nacional. Érika Hilton revelou que fez uma proposta ousada para ter uma “gordura” para negociar a proposta. 

“Quando nós propusemos essa, nós acreditamos, obviamente, que é possível chegar no Brasil numa jornada de 36 horas, numa escala 4 por 3. Nós defendemos isso como um processo de transição a longo prazo. Mas pra realidade que nós temos agora, nós apresentamos isso como uma gordura para que nós pudéssemos fazer a negociação”, disse. 

A parlamentar avaliou que dificilmente a escala 4 por 3 com uma jornada de 36 horas seja aprovada pelo Congresso. Após conversas com ministérios, com os partidos e setores patronais, Érika Hilton acredita que será estabelecida uma escala 5 por 2, com 40 horas semanais. 

“Esse é o primeiro movimento. Nós estamos conformados com isso? Esse é o que nós queremos? Não, nós queremos fazer essa mudança gradual. Se hoje nós conquistarmos uma maioria no Congresso Nacional para aprovarmos a redução para 40 horas e pra cinco dias na semana, nós sairemos com uma grande vitória e trabalharemos para, daqui a longo prazo, avançar para proposta como ela está colocada”, afirmou. 

Fonte: BNews