O cenário político de Salvador presenciou uma ausência notável na noite da última quinta-feira (30). No evento de abertura do Encontro Nacional do Colégio Permanente de Juristas da Justiça Eleitoral (Copeje), realizado em um restaurante da capital baiana, o convidado mais aguardado não apareceu: Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU).
A ausência do ministro foi sentida por autoridades e diversos participantes. Messias, cujo nome é fortemente ventilado para preencher a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), havia confirmado sua participação previamente.
O aguardavam no evento o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, além das ministras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Vera Lúcia e Edilene Lobo, e o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti. A falta de Messias, contudo, roubou a cena, reforçando a discrição adotada por ele em meio às especulações sobre sua iminente nomeação para a Suprema Corte.
Estratégia do Silêncio
A ausência de Messias nos compromissos de alto perfil em Salvador corrobora com a tese que circula nos bastidores políticos: o ministro estaria deliberadamente evitando os holofotes. A estratégia de discrição é vista como um movimento cauteloso nos momentos que antecedem a sua esperada nomeação para a vaga aberta no STF, que pode ocorrer ainda nesta sexta-feira (31).
A cautela pode se estender para o encerramento do Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais, onde Messias também havia confirmado presença. No entanto, até o momento, sua participação no evento é incerta, mantendo a atmosfera de mistério em torno de seus próximos passos.
Agenda Recente
A postura de recuo e silêncio contrasta com a agenda de Messias no início de outubro. Logo após o anúncio da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso do STF, o chefe da AGU esteve na Bahia ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, a dupla participou da inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, um evento que teve grande visibilidade midiática e reforçou a proximidade de Messias com o presidente.
Enquanto o anúncio oficial da indicação não é feito pelo Palácio do Planalto, o afastamento estratégico de Jorge Messias de grandes palanques e compromissos públicos, a pedido do próprio presidente Lula, sugere que o ministro está se blindando e se preparando para a sabatina que o aguarda no Senado Federal e para o próximo capítulo em sua carreira jurídica.
Se comparecer ao evento desta sexta-feira e sua nomeação for confirmada, a Bahia novamente será cenário de mais um importante momento da história do STF. Isso porque, no dia seguinte à indicação do nome de Luís Roberto Barroso, em maio de 2013, para a Suprema Corte, o então advogado participou de um evento jurídico em Salvador. E foi também na capital baiana que Barroso sinalizou que seus dias no STF estavam findando e que iria se aposentar.
Fonte: Bahia Notícias