Citado em diversas denúncias sobre grilagem de terras indígenas no extremo sul da Bahia, o empresário Moacyr Andrade já foi agraciado com a Comenda 2 de Julho, mais alta honraria da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
A informação consta no sistema da Casa Legislativa. Segundo os dados, o título foi recebido por ele durante uma Sessão Especial através do programa “Assembleia Itinerante” no município de Porto Seguro em agosto de 2013.
Ainda conforme a AL-BA à época, a medalha foi entregue aos cidadãos com serviços prestados aos municípios que sediam o programa, e os homenageados foram escolhidos pelos deputados mais votados em cada localidade, pelos integrantes da Mesa Diretora e pela Presidência da Casa.
Sessão que agraciou o empresário com a Comenda 2 de Julho, em 2013 | Foto: Reprodução / Diário Oficial do Estado
No caso da honraria entregue a Moacyr Andrade, consta que o proponente da homenagem foi o ex-deputado Marcelo Nilo, então presidente da AL-BA.
Economista e empresário, Moacyr Andrade também tem o nome envolvido em acusações de violência contra a comunidade indígena da região de Porto Seguro. Ele, que é conhecido como cônsul honorário de Portugal, função não remunerada e que não pertence à carreira da diplomacia, é diretor da empresa Agro Pastoril Itaquena.
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ENTENDA O ESQUEMA QUE CITA O EMPRESÁRIO
Moacyr é apontado como um dos beneficiários do suposto esquema de corrupção envolvendo o sistema Judiciário na comarca de Porto Seguro. Três juízes foram afastados cautelarmente pelo Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), para investigação da possível prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, grilagem de terra, fraude processual e agiotagem.
Um relatório da Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) do TJ-BA levanta indícios da atuação do juiz Fernando Machado Paropat Souza, titular da 1ª Vara dos Feitos Relativos às Relações de Consumo, Cíveis, Comerciais e Registros Públicos, em favor do empresário.
Conforme a Corregedoria do TJ-BA, durante as correições foram identificados sérios indícios de irregularidades no âmbito das Varas Judiciais da comarca de Porto Seguro, desde a “falta de urbanidade no atendimento de advogados até a quebra da imparcialidade para favorecimento de empresários locais e inobservância de deveres funcionais frente a direitos indisponíveis e ilícitos ambientais”.
Reportagem publicada pela Carta Capital em abril trouxe a informação de que a Justiça Federal pode leiloar o território indígena Lagoa Doce, pertencente ao povo Pataxó, em Porto Seguro, para bancar as multas do empresário. Moacyr Andrade briga na Justiça alegando que a área ocupada pelos Pataxó pertence à sua propriedade, a Fazenda Itaquena.
A fazenda está indicada para leilão pela Justiça Federal desde o final de 2023, no âmbito de um processo de execução de multas ambientais. O débito devido ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) soma cerca de R$ 36 milhões. Em 2020, a fazenda foi avaliada em R$ 82,8 milhões.
Fonte: Bahia Notícias