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“Temos uma das melhores polícias militares do Brasil”, afirma Denice

Candidata a prefeita de Salvador pelo PT, a Major Denice Santiago diz ser contrária à desmilitarização da Polícia Militar, tese defendida por setores da esquerda e do próprio partido, e afirma que isso não resolveria abusos cometidos por policiais militares. Segundo ela, a PM baiana é uma das melhores do país. “São 33 mil homens e mulheres que estão nas ruas trabalhando para nos proteger. E ainda com a pandemia, mesmo tendo baixas muito complexas, não recuaram. São desses homens e mulheres que eu estou falando. Em todas as profissões, é claro, podem existir profissionais que não sigam fielmente o que as normas e a técnica da sua instituição. Na Polícia Militar não é diferente”, afirma.

Escolhida pelo governador Rui Costa para disputar a prefeitura, em uma estratégia questionada por alguns aliados e até mesmo por petistas, ela diz que o chefe do Executivo estadual não vai “abandonar as suas relações pessoais e políticas” com outros candidatos da sua base, mas não se esquiva do rótulo. “Como você disse, a candidata do governador é a candidata do partido dele. E essa pessoa sou eu”, afirma. Major Denice é a quarta candidata entrevistada pelo A TARDE, na série que o grupo prepara para ajudar o eleitor em sua decisão. Na próxima terça-feira, a série de entrevistas será retomada.

Por que a senhora quer ser prefeita de Salvador?

Desde que eu me entendo por gente, meus pais me ensinaram que eu poderia conquistar tudo o que eu me predispusesse. Meus pais sempre pautaram isso na gente, para que nós não nos reduzíssemos em nenhum dos nossos sonhos. Da mesma forma, eles me ensinaram a cuidar das pessoas, a respeitar e proteger as pessoas. Se eu juntar tudo isso com o meu desejo pessoal de ver essa cidade melhorar, de ver meus vizinhos, meus amigos, as pessoas com quem eu transito no bairro onde eu moro, onde nasci, ou quando na Ronda Maria da Penha, em todos os cantos onde eu fui, este é o meu grande mote de estar nesse lugar. Essa possibilidade de transformar, de modificar, melhorar a vida das pessoas.

Quais serão as prioridades de sua gestão, caso seja eleita?

Prioritariamente, a redução das desigualdades. Com educação, saúde, saneamento básico, habitação, mobilidade urbana, geração de emprego e renda. Gonzaguinha já nos disse que sem o seu trabalho o homem não tem honra. Quando condensamos tudo isso, com um recorte transversal, dos direitos humanos, da cultura, das atividades esportivas e do empreendedorismo, essas desigualdades se achatam, diminuem e acabam sumindo.

Como pretende agir para contribuir com a retomada econômica na cidade?

Uma aposta que nós temos é o aumento desses empreendedores e empreendedoras, através da economia solidária, da economia criativa, do turismo. Com outros vetores turísticos, como, por exemplo, o Subúrbio Ferroviário, a Baía de Todos os Santos, esse turismo histórico que é importantíssimo. Mas tudo isso a partir de uma profissionalização, da retirada da informalidade, dando a essas pessoas oportunidade. Isso é um trabalho conjunto, com adultos, jovens e a começar lá embaixo, desde o pré-escolar. Nós temos que construir este ser humano a partir do pré-escolar. Eu aposto muito na economia solidária, na economia criativa, em uma cidade conectada, que use os recursos digitais, que serão potencializados após a pandemia. O home office é uma realidade hoje. Outros caminhos serão fomentados. São esses os pontos que Salvador precisa pautar.

Como a senhora avalia a postura da atual gestão em relação à pandemia do novo coronavírus?

O governo do Estado trouxe um alinhamento para todos os municípios, que foi muito importante no combate ao coronavírus e possibilitou que nós passássemos por essa pandemia da forma que estamos passando, se compararmos, infelizmente, com outros estados. A prefeitura atuou de forma positiva nesse enfrentamento, em parceria com o governo do Estado. E isso foi muito importante para todos nós, soteropolitanos e soteropolitanas.

Há uma discussão sobre possível alteração de data do Carnaval. A senhora é favorável à mudança do carnaval para junho?

Eu sou favorável que o Carnaval aconteça quando nós tivermos condições sanitárias favoráveis para fazermos essa que é a maior festa popular do planeta. Nós não temos que pensar na execução do carnaval neste ou naquele mês. Nós temos que pensar na segurança das pessoas. Dos nossos, que estão aqui, no interior da Bahia ou do país inteiro, que convergem para Salvador, mas também de quem vem de outros países. Para mim, uma festa da grandiosidade e da importância do carnaval deve ocorrer quando tivermos condições sanitárias para isso.

A base do governador Rui Costa tem algumas candidaturas colocadas, mas a senhora é a candidata do governador. Qual a sua expectativa sobre a atuação do governador na sua campanha, em comparação com as de outros aliados?

O governador Rui Costa é um parceiro de primeira hora. Ele é do meu partido e, assim sendo, sei que ele estará comigo durante todo esse processo. Disso eu não duvido. O governador tem também outros partidos na base aliada. Ele não vai abandonar as suas relações pessoais e políticas com essas pessoas. A política não é o lugar para a gente se digladiar, para a gente brigar. A política é o lugar da gente construir. Mas, como você disse, a candidata do governador é a candidata do partido dele. E essa pessoa sou eu.

Como a senhora avalia o governo federal?

O governo federal foi eleito pela maioria dos brasileiros e brasileiras. Na minha visão, é um governo equivocado no tocante a políticas de economia, desenvolvimento social, de cuidado com as pessoas. É um governo equivocado na relação com os direitos humanos. Então, é um governo que, para melhorar, precisava recomeçar.

Se eleita, que relação pretende manter com o governo Bolsonaro?

A minha relação com o governo federal seria a partir do que a legislação determina. Precisamos sempre trazer o melhor para a nossa cidade. E o melhor para a nossa cidade é buscar investimento, é exigir que toda a legislação seja obedecida. Eu vou defender a minha cidade junto a qualquer espaço, inclusive o governo federal.

Na coletiva de oficialização da sua chapa, muito se falou na necessidade de união da esquerda. Quais são as consequências para a sua candidatura, do ponto de vista eleitoral, da manutenção da candidatura de Olívia Santana?

Para mim, não há consequências. Olívia é uma mulher extremamente respeitável, que está colocando seu nome na disputa e que, tal como eu, tem todo o direito como cidadã. Nós vamos partir para uma disputa política de propostas e aí o povo vai fazer a escolha. Mas Olívia, Bruno Reis, Sargento Isidório, Bacelar…são os pré-candidatos que aí estão. Nós vamos mostrar nossas propostas e seguir.

A senhora ainda acredita em uma possível união, trazendo o apoio do PCdoB?

Aprendi na minha vida que tudo é possível. Que sempre e nunca são palavras extremamente complexas de afirmar. Então, tudo é possível. Mas sempre será feito a partir do diálogo, do respeito à autonomia de cada partido. O PCdoB é um partido fundamental para a nossa cidade e o nosso estado. E precisamos sempre respeitá-lo.

A senhora acredita que, com Fabíola na chapa, conseguirá incorporar com sucesso o eleitorado ligado a Lídice da Mata?

Fabíola é uma política maravilhosa, com uma relação muito profunda com pautas que eu também trago. Nos encontramos muito quando eu estava na Lei Maria da Penha e ela como vereadora, depois deputada. Nós temos uma simbiose muito forte nesse campo de propostas do enfrentamento à violência. Quando o PSB decidiu, em suas reuniões internas, estar junto do PT, teve uma decisão partidária. Assim sendo, o partido trouxe toda a sua militância para, junto comigo, Fabíola e a militância do PT, construir esse caminho.

Como avalia o trabalho da polícia baiana e as abordagens, sobretudo à população negra?

Nós temos uma das melhores polícias militares do Brasil. Eu vou falar da Polícia Militar porque é a parte que eu tenho mais conhecimento. São 33 mil homens e mulheres que estão nas ruas trabalhando para nos proteger. E ainda com a pandemia, mesmo tendo baixas muito complexas, não recuaram. São desses homens e mulheres que eu estou falando. Em todas as profissões, é claro, podem existir profissionais que não sigam fielmente o que as normas e a técnica da sua instituição. Na Polícia Militar não é diferente. Eu estudei sobre isso e pontuei como nós precisamos monitorar, avaliar e criar um ponto de diálogo e ressignificação de posturas de policiais que não atendem à técnica policial militar. Nós sabemos e vemos que existem policiais militares que, infelizmente, atuam de forma divergente da técnica. E esses profissionais precisam ter atualizações profissionais e mudanças de comportamento e gestão.

Setores da esquerda, e mesmo do PT, defendem a desmilitarização da polícia. Qual a sua opinião a respeito?

As corporações policiais militares vieram de um tempo em que foram criadas para proteger interesses dos governantes, na verdade dos donos da terra, e não para proteger e cuidar do povo. Essa transformação veio, para nós com muita evidência, a partir da Constituição de 88, quando nós colocamos as corporações para fazer a defesa do povo. Nós já temos uma polícia desmilitarizada, a Polícia Civil também está aí e trabalha muito bem. Eu não pontuo a desmilitarização como o ponto principal para evitarmos a não atuação técnica. Desmilitarizar apenas é tentar resolver, mas se esses profissionais continuarem atuando da mesma forma, não adianta de nada retirar deles o sobrenome de militar, a farda, porque eles continuarão sendo aquelas pessoas e atuarão de forma equivocada. O que a gente precisa pontuar não é a desmilitarização como solução do problema. Isso não vai resolver o problema. O que resolve o problema é atuar no monitoramento da formação, nas atuações profissionais, fazer uma atualização de postura e técnica com esses policiais. E, a partir daí, observar e avaliar a atuação. Eu, pessoalmente, sou contra a desmilitarização. Entretanto, se o meu partido decidir votar a favor, eu preciso seguir a maioria. Mas a minha concepção é de que a desmilitarização não resolverá o que a gente tem de problema.

Como reverter a situação apontada nas pesquisas, que a apontam atrás até mesmo de outros candidatos da base do governo?

A campanha ainda não começou. As pesquisas trazem também que 60% dos entrevistados sequer sabiam quem eram os candidatos. Quando começar a campanha e as pessoas conhecerem as propostas que estamos trazendo e as estratégias para melhorar essa cidade, aí, sim, a gente pode avaliar alguma pesquisa. Agora, é entender que as pessoas estão preocupadas com a pandemia, com o pós-pandemia, com o retorno ou não das escolas. Uma série de fatores que estão impactando a vida das pessoas de forma mais avassaladora.

A senhora considera que a pandemia prejudica mais a sua candidatura, em relação às demais, por ser alguém que ainda está se tornando mais conhecida da população?

Não, eu acredito que a pandemia nos nivelou de alguma sorte. Tirou algumas vantagens. E isso faz com que ninguém tenha possibilidade de estar à frente desse ou daquele.

O governador disse também que, tomando todos os cuidados, quer ir para a rua com a senhora fazer campanha, subir e descer ladeira. Como fazer isso sem causar aglomerações?

Vamos encontrar formas. E vamos obedecer a legislação e a ciência, não duvide disso. Eu sou uma mulher que gosta de regras. Mas, se o povo nos chama, se o povo quer, a gente também vai atender. Vamos chegar em um formato. Hoje nós temos bares, cinemas, shoppings abertos. Então, vamos encontrar uma forma, mas só faremos com completa condição sanitária, para proteger as pessoas. Não é nosso intuito fazer política colocando em risco a vida das pessoas.

Na convenção do DEM a candidata a vice-prefeita, Ana Paula Matos, do PDT, disse que é uma mulher parda e que a chapa formada com Bruno Reis não é, portanto, uma chapa branca. Ela estava respondendo a críticas de setores da oposição, de que não haveria diversidade racial na chapa DEM-PDT. A senhora concorda ou discorda dela?

As pessoas têm o direito de se autodeclarar, de acordo até com as políticas do IBGE. Quem sou eu para dizer a uma pessoa sobre a sua cor? Eu estaria sendo desrespeitosa com a candidata a vice-prefeita. Especialmente com uma mulher, eu jamais faria isso. Se ela se autodeclara assim, essa é a cor pela qual ela prefere ser reconhecida.

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–> Fonte: A Tarde

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