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Crianças se adaptam ao isolamento social

“A mamãe tá em casa, mas não pode receber visita”. A frase é da pequena Maisa, de 5 anos, dita sempre que alguém avisa que vai visitar a técnica de enfermagem Laíse Alves, 27. A exemplo de Maisa, de repente os pequenos foram tirados das rotinas e colocados em casa, sob a ameaça do inimigo invisível, o novo coronavírus.

Diante desta realidade, as crianças passam por mudanças de comportamento e constroem novas formas de vivenciar a infância. Na casa de Maisa, no Cabula V, as conversas com a avó e demais parentes ocorrem apenas por chamadas de vídeo. A estratégia, que vai ajudar a matar a saudade no Dia das Crianças, comemorado amanhã, é dominada pela comunicativa Maisa.

“Ela adora fazer chamada de vídeo. Como já gosta de falar, fica conversando com a vovó, com os amiguinhos. E gosta de brincar o dia todo, principalmente de boneca, patinete, bola. É uma criança amável. mas de personalidade forte. Depois que falei um pouco sobre os perigos do coronavírus, ela não tem deixado ninguém chegar aqui, leva o isolamento bem a sério”, explica Laíse.

Quando não está nos plantões de saúde, Laíse dedica todo o tempo aos cuidados e educação da pequena, que no momento está sem aulas presenciais e remotas. E a filha, que tem o sonho de ser “princesa e dona de uma fábrica de chocolates”, tenta não dar muito trabalho para a mamãe.

“Fico mais em casa, brincando de boneca. E para o Dia das Crianças gostaria de ganhar uma Barbie e slime. Vou ter todo cuidado do mundo com o slime, porque é uma massinha que pode sujar o chão, as paredes”, conta Maisa.

Livro

No Vale dos Lagos, o garoto Yalle Tárique, de 8 anos, resolveu escrever um livro sobre a rotina na pandemia, cujo o título é Diário de uma Quarentena: o Dia a Dia de uma Criança na Pandemia.

A ideia do livro nasceu após o tio, hoje recuperado, ser infectado pelo novo coronavírus, em julho.

“Ele sentiu o momento difícil da família e resolveu escrever uma carta para desejar boas vibrações ao tio. Depois disso, ele passou a escrever sobre coisas relacionadas ao dia a dia de maior isolamento social e pandemia. De certa forma, acredito que as crianças estão mostrando ao mundo alternativas para o enfrentamento da pandemia”, acredita Rebeca Tárique, mãe de Yalle.

De segunda a sexta-feira, Yalle tem dividido a escrita com as aulas online da escola. Na rotina em casa, ele sente falta do contato presencial com os amigos e professores. “Tinha uma rotina muito cheia, fazia até aula de karatê. Com a pandemia, veio o maior estresse. E escrevendo sobre os desafios da pandemia encontrei uma forma de me sentir bem melhor”, conta o garoto. Como presente do Dia das Crianças, Yalle pede o fim da pandemia e a volta do convívio presencial com os parentes e amigos.

Segundo Mariana Paz, psicóloga infantil e mestre em análise do comportamento, o confinamento aumenta os casos de crianças com estresse, ansiedade, irritabilidade. “A relação entre criança e adulto é diferente. A criança precisa ficar em contato com outra criança, pois isso contribui para o aprendizado, as habilidades sociais, a exemplo do respeito, capacidade de negociação, cuidado com o amiguinho. Por isso, até com a ajuda da tecnologia é legal pensar atividades de interação com amigos e brincadeiras em casa”, afirma a especialista.

Sobre os temas que envolvem a pandemia, a psicóloga explica a importância de conversar com a criança sobre o assunto. “Você não precisa explicar tudo que acontece no mundo. Porém, falar sobre a pandemia ajuda na compreensão da criança sobre o motivo de não visitar pessoalmente os amigos e parentes, por exemplo”, conclui a psicóloga Mariana Paz.

Estímulo

Com relação ao atual momento da educação, no momento em que muitas crianças recebem aulas online, a pedagoga Suênnia Lira afirma que, por meio de atividades criativas e desafiadoras, a exemplo de jogos e brincadeiras, é possível garantir o estímulo aos estudos em casa.

“Os pais são de suma importância para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Eles podem fazer gincanas, musicalização, oficinas, contar histórias. Isso ajuda a criança a desenvolver a atenção, autocontrole, respeito aos limites e regras sociais, além de encorajar os pequenos”, orienta a pedagoga.

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–> Fonte: A Tarde

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