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Em meio à pandemia, professores tentam se adaptar ao novo método de ensino
Do presencial, ao virtual. Das salas de aula, para as salas de videochamada. Assim estão os dias dos professores no mundo inteiro há sete meses devido a pandemia do novo coronavírus, uma das maiores crises de saúde. Em várias cidades, prefeitos e governadores suspenderam as aulas presenciais no meado de março e assim permanecem. Com isso, professores tiveram de se adaptar ao novo normal da tecnologia, as aulas online. Ao contrário do que muitos pensam, as aulas online não são iguais à EaD, visto que o ensino à distância já estão previamente gravadas, enquanto as online são ao vivo.
Há 18 anos Vinicius das Neves, de 39 anos, leciona Química para alunos do ensino médio. O método lousa, pincel e olho no olho, teve de se transformar em câmeras desligadas e conversas por áudio pelo aplicativo do Google Meet. Ele conta que, no início, foi bastante dificultoso ter que aprender a usar ferramentas que não estava habituado. “De forma bem direta, você se adequa a usar essas ferramentas, o ser humano tem que se adaptar muito rápido” comenta. Ele nega que aula online seja prejudicial. “O método em si não é ruim. Presencialmente, claro que é melhor. Você não tem o controle de olhar no olho do aluno e saber a dúvida, isso faz falta.”
O educador, entretanto, diz que se sente privilegiado em ter todo suporte para trabalhar em casa durante a pandemia e explica que consegue arrancar a atenção dos alunos durante as aulas. “São aulas prazerosas, continuei lecionando do mesmo jeito que dava [presencialmente]. Mas, tenho artifícios eletrônicos, procurei criar métodos, também, nas aulas digitais. Tenho lousa, quadro digital. Meu objetivo foi prender a atenção do aluno virtualmente”.
Em meio à pandemia, existem alunos que não tem acesso à internet em casa. Muitos deles dependiam do computador e a conexão que as escolas / universidades disponibilizavam, outros tem que dividir o aparelho com familiares. A professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, Amanda Auoad, diz que as aulas gravadas nas universidades dão a possibilidade do aluno acompanhar a disciplina, mesmo quem não consiga assistir ao vivo. Já Vinícius fala que, apesar de dar aula em escolas particulares, ele se preocupa com isso. “Eu sei que não é a realidade do país. Somos minorias e são nessas horas que a gente fica triste como educador. Esse país é muito desigual” comenta indignado.
Em contrapartida, Amanda explica que não gostou desse novo normal, mas que se acostumou com a falta de interação dos alunos. “A adaptação até que não foi tão difícil quanto eu pensava. Fiquei com receio no início, mas fui lidando com uma coisa por vez. A falta de interação é mais complicado, pergunto se estão entendendo, faço enquete, puxo alguém pra falar”, comenta. Mas, a professora é enfática ao dizer que esse novo normal é fácil para transmitir os assuntos. “Acho válido, sim. é possível passar o conhecimento e proporcionar algumas práticas. Lidar com o ambiente online exige outras funções. A sensação é estar trabalhando o triplo”, brinca. Ambos os professores seguem otimistas e esperam que a vacina chegue logo para que em breve tudo se normalize.
De acordo com o Ministério da Educação, professores na Bahia ganham, em média, R$ 2.612. Um dos maiores salários no Brasil é o do estado do Maranhão, onde um educador ganha o equivalente a R$ 6.358,96. Em 2019, a ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a pesquisadora Maria Inês Fini, especialista em educação, disse, em entrevista ao site UOL, que o salário do professor brasileiro da rede pública é “horrível” e que, além disso, as condições de trabalho são péssimas. Ainda segundo o MEC, o piso salarial dos profissionais da rede pública foi reajustado em 12,84% em 2020, saindo de R$ R$ 2.557,74 para R$ 2.886,24. É de extrema importância lembrar que, sem os professores, não existe educação. O dia dos professores é essencial para refletir o quanto boa parte deles não ganham o suficiente e não são valorizados.
Fonte: BNews