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Planilha do Comando Vermelho vaza, mostra gasto milionário com fuzis e munições e revela quem é o fornecedor da facção

A megaoperação das forças de segurança no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), teve como retorno diversas prisões e apreensão de quase 100 fuzis com integrantes do Comando Vermelho. Por outro lado, a ação nos complexos do Alemão e da Penha resultou em mais de 130 mortes, incluindo de policiais civis e militares.
Diante do poder bélico da facção criminosa, um questionamento comum na sociedade é sobre a forma de “abastecimento” de armas para os criminosos, o que acabou sendo parcialmente esclarecido nesta quarta-feira (29). O jornal O Globo divulgou uma planilha com movimentações financeiras do Comando Vermelho, que mostra valores exorbitantes com compra de fuzis e munições, e revela quem forneceu o armamento ao grupo criminoso.
Segundo a publicação, o documento foi extraído pela Polícia Civil da conta de WhatsApp do traficante Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Da Roça. A planilha mostra que o Comando Vermelho gastou mais de R$ 5 milhões em apenas um mês, sendo R$ 1,6 milhão com cartuchos de diferentes calibres, como por exemplo, 44 mil cartuchos nos calibres 7,62 e 5,56 e 14 fuzis.
O maior valor descrito no documento é de R$ 240 mil para aquisição ilegal de um armamento calibre .50, de alto poder de fogo, capaz de atravessar vários tipos de blindagens e derrubar aeronaves.
Quem abasteceu o Comando Vermelho?
Com base nas informações da planilha, o fornecedor foi identificado como “Bazzana”, que recebeu diversos pagamentos feitos por pessoas apontadas como laranjas. Segundo a Polícia Civil, trata-se de Eduardo Bazzana, atirador esportivo certificado pelo Exército.
Ele foi preso em maio do ano passado e antes presidia o Clube Americanense de Tiro — com mais de 7 mil associados em todo o estado de São Paulo — e era dono de duas lojas de armas e munição registradas no Exército.

“Durante a investigação, são angariadas diversas imagens de comprovantes de transação, via PIX, com valores por laranjas do tráfico às contas de Eduardo e da sua empresa, coincidindo com os valores e as datas constantes na planilha retirada da nuvem de Da Roça, ratificando que Eduardo Bazzana recebe dinheiro decorrente da venda direta de aparato bélico a traficantes da cúpula da facção Comando Vermelho”, afirmam os promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na denúncia decorrente da investigação.
Eduardo Bazzana, de 68 anos, era visto em Americana (SP) como um empresário respeitado e dono de um dos clubes de tiro mais estruturados da região, frequentado por médicos, políticos e policiais. Agora, ele responde na Justiça acusado de fornecer munição ao Comando Vermelho.
A defesa afirma que Bazzana é um homem íntegro, pai e avô dedicado, e que está sendo vítima de uma “caça às bruxas” contra quem atua no tiro esportivo. “O Sr. Eduardo Bazzana, um homem de 69 anos de idade, honrado pai de três filhos e avô de dois netos, e o único crime que ele cometeu nesta vida toda foi pagar seus impostos e não ser reconhecido como empresário digno e honesto que sempre foi”.
Quem é Da Roça?
Da Roça, criminoso do Comando Vermelho vindo de Rondônia, ganhou destaque na facção após participar da tomada de favelas na Grande Jacarepaguá. Como recompensa, recebeu o controle da favela da Muzema, antes dominada por milicianos, onde passou a comandar o tráfico e outras atividades ilegais, como extorsões e grilagem.

Segundo a polícia, ele se tornou um dos principais arrecadadores do “fundo de guerra” do CV e atua hoje como distribuidor estratégico de armas e drogas para diferentes comunidades do estado.
Fonte: BNews

