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A geração que dorme pouco e vive estressada: Por que o câncer cresce entre os jovens
Os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) correm um risco maior de ter câncer do que seus pais. Já entre os nascidos de 1990 a 2019, os casos de câncer de início precoce, em pessoas com menos de 50 anos, aumentaram 79% em todo o mundo, e a mortalidade cresceu 28%.
De acordo com Lydia Begoña Horndler Gil, professora de Imunologia e Biologia do Câncer na Universidade de San Jorge, em entrevista ao The Conversation, a diferença no estilo de vida tem mais impacto do que a genética herdada. Com isso, o modo de vida dos mais velhos diverge bastante do dos mais jovens.
Alimentação
Um dos principais fatores por trás dessa “nova epidemia” é a alimentação. A obesidade infantil cresceu de forma acelerada nos anos 1980. Em 2022, mais de 390 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estavam acima do peso, sendo 160 milhões deles obesos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Álcool
O segundo grande fator é o álcool. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer o classifica como carcinógeno do Grupo 1, no mesmo nível do tabaco. Isso ocorre porque o corpo converte o etanol em acetaldeído, um composto que danifica o DNA.
Os padrões de consumo de álcool mudaram entre as gerações. Enquanto os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) bebem mais no dia a dia, os millennials tendem a beber com menos frequência, mas a praticar consumo excessivo em uma única ocasião, o que traz riscos significativos. Esse comportamento é confirmado pela pesquisa EDADES 2024, do Ministério da Saúde da Espanha, que analisa os diferentes níveis de risco associados aos hábitos de cada geração.
Sono
Pesquisas recentes revelam que millennials e geração Z dormem, em média, 30 a 45 minutos a menos por noite do que os baby boomers. Isso se deve principalmente à exposição noturna a telas e redes sociais. A luz artificial emitida por esses dispositivos atrapalha a liberação de melatonina, hormônio antioxidante que regula o ciclo celular.
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A falta crônica de sono, somada aos ritmos circadianos desregulados, não só prejudica a reparação do DNA, mas também reduz os efeitos protetores da melatonina contra o câncer, fazendo com que mutações se acumulem com o tempo e aumente o risco de formação de tumores.
Estresse
Outro fator é o estresse. Os millennials são provavelmente a geração com os maiores níveis de cortisol, o chamado “hormônio do estresse”. O excesso prolongado desse hormônio favorece resistência à insulina, hipertensão e enfraquecimento do sistema imunológico.
Estudos apontam que pessoas com níveis mais altos de estresse têm até o dobro de probabilidade de morrer de câncer em comparação com aquelas que conseguem gerenciá-lo melhor.
Automedicação
As gerações mais jovens também recorrem à automedicação com mais frequência do que as anteriores, o que traz novos riscos a curto e longo prazo. O uso frequente de paracetamol, por exemplo, está associado a danos hepáticos e a um possível aumento no risco de câncer de fígado.
Além disso, o uso prolongado de anticoncepcionais orais, comum devido ao adiamento da maternidade, aumenta ligeiramente o risco de câncer de mama e de colo do útero, embora ofereça proteção contra câncer de ovário e de endométrio.
Outro caso é o uso contínuo de antiácidos e antibióticos, que está relacionado ao aumento do risco de câncer digestivo, por mecanismos indiretos, como a formação de compostos carcinogênicos ou a disbiose intestinal (desequilíbrio da microbiota).
Há esperança?
As projeções indicam um aumento significativo nos casos de câncer, de cerca de 20 milhões registrados em 2022 para quase 35 milhões em 2050. No entanto, mudanças nos hábitos de vida podem reduzir consideravelmente esses riscos.
Fonte: BNews
