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“É uma doença social”, explica pesquisador sobre caso de homofobia em mercado
Nesta semana, um estudante de psicologia denunciou ter sido vítima de crime de homofobia ao ser impedido por um segurança de entrar em um supermercado da rede Wallmart por “não estar vestido como homem”. De acordo com o professor, escritor e mestre em comunicação, Julio César Sanches, a homofobia, junto com o racismo, são doenças que a sociedade precisa combater.
>> Jovem denuncia homofobia em mercado: não estava ‘vestido como homem’
O professor também destacou, durante entrevista na manhã desta quarta-feira, 23, para o ‘Isso é Bahia’, na rádio A TARDE FM, que casos homofóbicos têm ganhado mais visibilidade por conta de dois fatores: homofobia ser pauta dos movimentos sociais e acesso às redes sociais.
“Este tipo de episódio tem sido cada vez mais recorrente já que o racismo e o homofobia têm sido colocadas como pautas políticas de movimentos sociais já há algum tempo. E também nos últimos anos a visibilidade das redes sociais tem possibilitado um número maior de denúncias. O que outrora parecia algo incomum e raro, hoje tem ganhado uma repercursão maior graças as redes sociais”, explica Julio.
“O racismo e a homofobia são doenças sociais. São problemas que revelam que a sociedade brasileira precisa mudar”, acrescenta.
No caso do segurança, o estudante de psicologia Marcos Pascoal de Oliveira relatou que foi impedido de entrar no supermercado da rede Wallmart do bairro de Itapuã, em Salvador, por estar vestido como um short curto. O segurança do local teria pedido para se retirar porque a roupa ofenderia famílias e crianças presentes.
Diálogo
Um vídeo do caso, publicado por Marcos Pascoal nas redes sociais, mostra que o estudante optou por conversar com o segurança e buscar entender o motivo dele não estar “vestido como homem”.
O pesquisador Júlio César comenta que, nestes momentos, o diálogo é a melhor ferramenta para debater a homofobia. No caso de Pascoa, Júlio explica que ele estava tentando entrar no mercado e teve o seu direito de ir e vir negado.
“Quando este episódio rompe a cena e o jovem é colocado em um lugar vexatório, do constrangimento, o dialógo foi necessário. Ele ter optado por dialogar com o segurança foi importante porque possibilitou que aquela situação não se agravasse para uma situação de agressão física ou algo do tipo”, pontua Julio.
Julio considera como positiva a atitude do estudante e destaca que pode ser considerada uma atitude pedagógica, porque teria demonstrado “como a sociedade brasileira ainda tem muito a evoluir dentro deste quadro de comportamento e entendimento da diversidade sexual e de gênero”.
Uma publicação compartilhada por Pascoal De Oliveira (@qualfoipascoal) em 20 de Set, 2020 às 3:00 PDT
Em nota, o Grupo Big, detentor da rede Walmart, informou que o fato é inadmissível e não corresponde aos procedimentos e valores da empresa.
A empresa também alertou que vai tomar as medidas cabíveis, como o afastamento do segurança terceirizado, e que está em contato com Pascoal colocando-se à sua disposição para toda assistência necessária nesse momento.
Para o Portal A TARDE, Marcos confirmou que foi procurado pela empresa, mas preferiu deixar a comunicação a cargo da sua advogada devido aos trâmites jurídicos.
Crime de homofobia
Desde o ano passado que a homofobia (violências voltadas para o publico LGBT+) passou a ser criminalizada, passando a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”.
Com isso, a homofobia passou a ser um crime inafiançável e imprescritível, segundo o texto constitucional, e pode ser punido com um a cinco anos de prisão e, em alguns casos, multa.
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–> Fonte: A Tarde
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