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Marcos Mendes defende paralisação das obras do BRT

Foto: Reprodução Audiência pública virtual da Câmara Municipal de Salvador 09 de outubro de 2020 | 19:07

Marcos Mendes defende paralisação das obras do BRT

“Sustentabilidade e mobilidade urbana, os caminhos do BRT” foi tema de audiência pública promovida pela Câmara Municipal de Salvador. A sessão solene foi idealizada e conduzida pelo presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, vereador e candidato à reeleição Marcos Mendes (PSOL). Para ele, o debate sobre as obras do BRT ultrapassa a discussão referente à mobilidade urbana, representa o “desrespeito” da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado com o “bem viver” da cidade, com os rios, com as árvores centenárias, uma afronta às ancestralidades indígenas e de matriz africana.

“As nossas árvores anciãs estão sendo derrubadas. Os nossos rios tamponados. Dizer não ao BRT é dizer um sim à natureza. Estamos defendendo a nossa mãe terra. Estamos defendendo o nosso direito de existir e o nosso direito do Bem Viver”, salientou Marcos Mendes.

O vereador denunciou que existem indícios de superfaturamentos que giram em torno de R$ 54 milhões de reais, isso só no segundo trecho das obras do BRT de acordo com o TCU. Mendes cobrou “providências emergenciais” aos poderes públicos, que, segundo ele, deveriam fiscalizar e paralisar as obras. “O que nos deixa muito triste é que o Inema não cumpriu o seu papel. Nós constatamos também que ACM Neto e Rui Costa estão de mãos dadas e insensíveis às questões socioambientais da cidade, não dialogam com as universidades e nem com os movimentos sociais. As representações no Ministério Público estão paralisadas. Os interesses econômicos que estão por trás de todas essas obras, a exemplo de Jaguaribe e da Estação Elevatória de Esgoto do Abaeté, estão diretamente ligados a interesses de grupos políticos e empresariais”, apontou o vereador, que também é ambientalista, geólogo e mestre em Geologia Ambiental pela UFBA.

A representante do Ministério Público Estadual, Ester Gondin, ressaltou que não foi realizado estudo de impacto de vizinhança e nem de viabilidade técnica, econômica e ambiental para execução das obras do BRT, além das diversas irregularidades e da destruição de árvores consideradas sagradas. “Nós, do Ministério Público Estadual, entramos com ação civil pública e pedimos a suspensão das obras do BRT que, infelizmente, mesmo com todas as irregularidades, não foram suspensas”, ressaltou a assessora do promotor do Meio Ambiente do MPE, Heron Gordilho, um dos autores da ação civil pública.

A ambientalista e militante do Instituto Búzios, Marcele do Valle, acusou a Prefeitura de Salvador de utilizar a natureza com fins mercadológicos e afirmou que a gestão municipal “mercantiliza a vida” e transforma a cidade em um “balcão de negócios”. “Precisamos estabelecer uma outra relação com a natureza. A metodologia é sempre a mesma e consiste na ausência de diálogo com a sociedade civil e na falta de informações verídicas sobre as políticas públicas e as reais consequências socioambientais”, protestou a ativista social.

A audiência pública contou com participações de representantes de várias instituições do poder público, da sociedade civil e do movimento socioambiental. A sessão solene ocorreu na tarde de quinta-feira (8) e foi transmitida pela TV Câmara canal aberto 12.3, Rádio Câmara Salvador 105.3 FM e Facebook Oficial da CMS.

Fonte: Política Livre

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