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As cinzas da quarta-feira: Bloco Coruja, de Ivete Sangalo, é citado em novo processo por folião

Uma das grandes ações de Ivete Sangalo ao celebrar os 30 anos de carreira foi assumir a responsabilidade pelo Bloco Coruja, tradição no Carnaval de Salvador, com a artista como principal figura desde 2002. A cantora só não esperava tantos problemas envolvendo o bloco no Carnaval de 2024, que chegou por um vazamento de CO², empenar no meio da avenida, ter abandono das cordas durante o desfile no circuito Dodô (Barra-Ondina), além de estar “preso” em um dos maiores atrasos da avenida, no dia 10 de fevereiro de 2024. 

 

O Bahia Notícias teve acesso a um novo processo contra a Pau D’Arco Produções e Eventos LTDA, responsável pelo Coruja. Um folião moveu uma ação em março deste ano, solicitando indenização por danos morais e materiais, avaliada em R$ 40 mil, na 1ª Vara Cível de Aracaju.

 

Foto: Rafa Mattei

 

No processo, o folião relata uma lesão ocorrida durante o desfile em 12 de fevereiro, quando o trio da artista apresentou problemas técnicos, resultando no vazamento de gás carbônico que feriu duas pessoas. O folião anexou documentos ao processo, comprovando o valor pago para desfilar no Coruja, os custos médicos e a descrição do momento da lesão.

 

Em 10 de maio de 2024, foi expedido mandado de citação e intimação à Pau Darco Produções, empresa responsável pelo Bloco Coruja.

 

No dia que houve o vazamento de gás no trio, Ivete chegou a desabafar ao final do desfile e preocupou os internautas com a possibilidade de não sair mais no Carnaval com o bloco. No último dia da folia, a artista tranquilizou os fãs e afirmou que iria recalcular a rota para entregar um trabalho melhor em 2025.

 

“O que estou fazendo, com a maturidade que me cabe, em 30 anos de carreira e como a mulher incrível que sou, é perceber que há percepções que vêm até mesmo tardiamente. Mas eu acho que é hora de reconsiderar, recapitular, e o que farei é recalibrar a rota. Sabe por quê? Porque vejo diante de mim um portal de oportunidades inacreditáveis. E não estou falando apenas para mim, estou falando para todos nós. Pois sozinha não chegarei a lugar algum”, afirmou.

 

O Bahia Notícias procurou a equipe de Ivete Sangalo para falar sobre os processos e a assessoria informou que não há um posicionamento oficial. Fundada em agosto de 2009, a Pau D’Arco Produções e Eventos Ltda tem como sócio Marcelo Rangel. A irmã de Ivete Sangalo, Cynthia Sangalo, aparece como administradora.

 

Este é o segundo processo envolvendo a Pau D’Arco Produções e Eventos Ltda. O primeiro foi revelado pela colunista Fábia Oliveira, do site Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias. O BN também teve acesso à ação, em tramitação na Comarca de Niterói, no Rio de Janeiro, onde a requerente alega ter sido esmagada pelo trio da artista e agredida por profissionais que trabalhavam no trio e pede R$ 50 mil de indenização.

 

Além desses dois processos, um terceiro foi movido em Sergipe, no 7º Juizado Especial de Aracaju. No entanto, no dia 15 de maio, o reclamante desistiu do pedido de indenização. A decisão foi publicada no Diário da Justiça do Estado de Sergipe no dia 16 de maio de 2024. O valor da causa girava em R$ 7.300.

 

“Considerando pedido trazido aos autos pela parte autora, homologo a desistência do presente feito e por consequência julgo extinto o processo sem resolução do mérito confirme disposto no artigo 485, VIII do código de processo civil, devendo a secretaria: publicar. registra. intimar. transitada em julgado, arquivar.”

 

As queixas referentes ao Bloco Coruja têm sido feitas por foliões desde o retorno do Carnaval após o período crítico da pandemia da Covid-19, em 2023. Naquele ano, as redes sociais do bloco foram inundadas de críticas dos fãs devido à lotação dentro das cordas e à postura agressiva da organização.

 

 

 

 

 

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Em setembro do ano passado, a artista decidiu assumir a responsabilidade pelo bloco após ser cobrada por um posicionamento dos foliões e ‘zamuris’, como ela apelidou os fãs. No evento de lançamento das novidades dos 30 anos de carreira, a cantora anunciou que o bloco chegaria à avenida com excelência.

 

“O Bloco Coruja é de minha total responsabilidade. Saíra exatamente como meus fãs merecem. E assim será. É assim que o Coruja chegará à avenida. Com excelência em serviço e alegria.”

 

As vendas para curtir o bloco no Carnaval de 2024 esgotaram nos primeiros lotes anunciados pela equipe. Cada abadá custava R$ 1.100 para um dia no circuito Barra-Ondina.

 

Mesmo assumindo a responsabilidade, a artista não conseguiu evitar as críticas dos foliões e os processos, entre eles o do fatídico dia 10 de fevereiro de 2024, quando o desfile no circuito Dodô (Barra-Ondina) atrasou inteiramente, fazendo com que o Coruja, previsto para sair às 17h, só deixasse o Farol às 20h.
 

O QUE IVETE FALOU SOBRE O ATRASO NO DIA 10 DE FEVEREIRO?

Em conversa com os foliões na saída de trio, ainda na Barra, Ivete tentou tranquilizar a todos sobre a situação. “Boa noite, minha gente! Deixa eu falar uma coisa a vocês. Primeiro, boa noite. Estou aqui prontíssima desde 16h30 para vocês. Aliás, eu estou pronta para vocês desde sempre. É exatamente por isso, pelo respeito, que eu estou aqui. Aconteceram várias intempéries carnavalescas que atrapalharam o percurso, atrasaram e criaram algumas outras questões de logística”, explicou.

 

A artista ainda afirmou que o trio de Léo Santana iria passar na frente do trio dela, caso que foi denunciado pela foliona com a ação na Justiça do Rio de Janeiro.

 

“Como é que eu faço para resolver, gente? Eu queria também fazer assim, eu queria até voar. Eu posso até cantar para vocês, mas ainda assim eu vou precisar que Léo passe. Vocês podem me ajudar nisso? É possível? Não? Mas aí como é que eu resolvo? Eu não posso, eu tenho que respeitar os critérios todos o Carnaval.”

 

O QUE A PREFEITURA DISSE SOBRE O ATRASO NO DIA 10 DE FEVEREIRO?

Por meio de nota enviada ao Bahia Notícias naquela época, a Prefeitura de Salvador informou que o atraso ocorreu devido a um “engarrafamento de trios” que impediu a saída de outros veículos durante o Carnaval.

 

Segundo a prefeitura, alguns equipamentos de trios e carros de apoio quebraram no local de desarme, na Praça Eliana Kertesz, e, com isso, os veículos ultrapassaram o horário previsto para retornar ao ponto de partida, na Graça.

O QUE O SINDICORDA FALOU SOBRE O ABANDONO DAS CORDAS NO DIA 10 DE FEVEREIRO?

Em entrevista ao Bahia Notícias, realizada em 17 de fevereiro para fazer um balanço da categoria dos cordeiros sobre o Carnaval de Salvador em 2024, o presidente do Sindicato dos Cordeiros (Sindicorda), Matias Santos, afirmou que diversas situações afetaram os cordeiros neste ano e mencionou o atraso dos trios, resultando em mais de 12 horas de trabalho para os profissionais.

 

Matias enfatizou que não era responsabilidade do cordeiro controlar o horário de cada saída e apresentou uma alternativa para casos como o do bloco de Ivete Sangalo.

 

“Não cabe ao cordeiro a responsabilidade pelo trio quebrado, pela falta de organização na saída dos trios e pelo contingente de público maior que o esperado. Quem compensa o cordeiro por isso? […] Quando você menciona ‘ah, os cordeiros pararam no bloco de Ivete’, eles estão corretos. Isso deveria gerar hora extra naquele momento? Eles têm outros blocos para acompanhar, não são exclusivos de um bloco. O ideal seria que a cada hora trabalhada houvesse uma compensação adequada, para que o cordeiro não fosse penalizado pelo atraso.”

 

SOBRE O BLOCO CORUJA

Criado em 1963, o Bloco Coruja surgiu na folia como Clube dos Corujas através de uma desistência de foliões que iriam sair no bloco Os Internacionais, outro grande destaque do Carnaval de Salvador. Por anos, a festa no bloco foi comandada por Ricardo Chaves, até que em 2002, Ivete Sangalo, já em carreira solo, assumiu o Coruja e promoveu uma reformulação no bloco, tornando-o assim um dos mais desejados do Carnaval. 

 

Em 2009, o Coruja passou a ter três dias de desfile no Carnaval de Salvador, sendo dois deles na Avenida, no Circuito Osmar (Campo Grande) e um no Dodô (Barra-Ondina). A Barra só veio se tornar o único circuito de desfile do bloco em 2019, no retorno da artista para o Carnaval de Salvador após o nascimento das gêmeas Marina e Helena.

 

O Coruja chama atenção pela grande estrutura. Para se ter uma ideia, o site oficial do bloco afirma que são cerca de 1000 pessoas para atender os foliões durante os três dias de festa em uma equipe composta de produção, socorristas, segurança, brigadistas e coordenadores.

 

 

 

 

 

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O carro de apoio do bloco é equipado com bares, cabines sanitárias e posto médico e o trio elétrico que leva a artista é um dos mais modernos, que costuma comportar diversos convidados, além da grande banda da artista. 

 

Em 2023, o trio da artista foi modernizado pela Gerdau, que forneceu 13 toneladas de aço 100% reciclável, equivalente à fabricação de 10 caminhões, para a nova estrutura do trio elétrico e do seu carro de apoio. 

Fonte: Bahia Notícias

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